Eu tinha completado 15 anos, e fui presenteada por uma prima com uma caixinha de música, daquelas que guardamos correntes, brincos e que necessita dar corda para tocar. Só que, aquela não era uma caixinha qualquer, ela tinha um formato de piano e mais, possuía uma bonequinha bailarina, delicada que rodopiava, rodopiava sem cansar ao som daquelas notas... Eu me ria ao contemplar aquela cena, me imaginava, como ela, ali com uma saia volante e uma sapatilha, sempre a dançar e encantar.
Era assim todas as vezes que me sentia triste sentada na cama, com a janela do quarto aberta, olhando as estrelas eu dava corda a minha caixinha e contemplava a minha querida bailarina. E em uma dessas noites que estava chateada, escutava sem cansar aquele instrumental que me fazia derramar lágrimas até dormi e sonhar... E sonhei, literalmente. Eu me vi ali diante de um público, em um imenso palco, vestida como uma bailarina , girando, girando ao som da minha música, eu não me aguentava de tanta felicidade... e pela janela veio um vento forte e fechou bruscamente a caixinha, e eu de súbito despertei, meio confusa... Era apenas um sonho.
E a minha querida estava lá caída, peguei-a nas mãos e mal pude acreditar, os seus pezinhos, aqueles tão frágeis que me encantavam estavam quebrados, ela não poderia mais dançar pra mim. Mas a música ainda existia ali, então eu dei corda outra vez e a lembrança da minha bailarina me consolava... Foi quando percebi que jamais deixaria de sonhar, o segredo era a música.
Hoje quase aos 20 anos aquela música ainda me alimenta a alma, trazendo saudade... ela é única e só minha.
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Obs.:Pauta para Bloínquês, 42ª Edição Musical,Tema Surpresa,Baseado em-How to Save a Life (The Fray Piano Tribute). Grande parte do texto é verdade, sobre mim mesma.Ah! e fotos da Minha caixinha...rs
Resultado: não subi ao pódio, mas tive nota; 9,0.